Mundial de Clubes da FIFA encerra a temporada em grande estilo

Já é dezembro e praticamente todos os times estão em ritmo de fim de ano, ou se preparando para a próxima temporada. Entretanto, para algumas equipes resta uma última competição, que pode garantir o presente de Natal graúdo para o vencedor. Começou a disputa do Mundial de Clubes da Fifa, competição que reuni os campeões continentais no Japão, para um mata-mata que decidirá quem vai levantar mais um dos troféus da FIFA. Infelizmente, por vários fatores, a competição não é unânime entre todas equipes, tanto que para alguns times europeus ela não passa de uma formalidade. Entretanto, pelas bandas aqui do sul, tem o peso devido de maior competição de clubes a nível mundial.

A competição de 2012 tem como principais destaques o Chelsea, campeão da Champions, e o Corinthians, campeão da Libertadores, que seguindo a lógica, deverão decidir a competição. Porém, mas nada impede que outras equipes repitam o feito do Mazembe, que conseguiu ir a final eliminando o Inter, em 2010. A propósito, completam a lista de participantes o Hiroshima (representando o país sede), o Auckland City (campeão da Oceania), o Al Ahly (campeão da africano), o Ulsan Hyundai (campeão asiático) e Monterrey (campeão da Concacaf).

A competição começa para valer nas semi-finais, quando os favoritos entram em campo, mas nas prévias a bola já rolou. Pelos playoffs,  uma fase eliminatória com as duas equipes “menos qualificadas”, teve o confronto entre Hiroshima e Auckland, onde os japoneses eliminaram os neozelandeses por 1×0, garantindo sua presença nas quartas. Essa fase, que na verdade é mais uma seletiva para saber quem vai ter a honra de enfrentar os dois favoritos, teve suas duas partidas disputadas no último domingo, dia 09/12.

O adversário do Corinthians será o experiente time egípcio do Al Ahly, que comandado por Aboutrika eliminou os donos da casa, Hiroshima, por 2×1, embaixo de neve. Do outro lado, o time mexicano do Monterrey chegou a decisão após eliminar sem dificuldades os coreanos do Ulsan, por 3×1, com boa atuação de César Delgado. Dentre as duas equipes, o Al Ahly é, sem dúvida, a equipe mais perigosa.

Corinthians e Chelsea é a grande partida esperada por todos. Ambos são estreantes na competição e ganharam pela primeira vez o título continental, mas a fase do Timão é de longe melhor que a dos Blues.

O time de Londres vem de uma eliminação precoce na Champions League, onde foi o primeiro atual campeão a ser eliminado na fase de grupos, e passa por uma crise de desconfiança da torcida com o técnico Rafa Benítez, que assumiu depois da queda do italiano Roberto Di Matteo. Ainda assim o time é forte e conta com os destaques Ramires, Oscar, Mata, Hazard e sempre instável Fernando Torres.

Por outro lado, o Corinthians vive o sonho de disputar o mundial, no ano mágico do fim do longo tabu na Libertadores. O time paulista terminou o Brasileirão numa crescente e manteve seu esquema compacto, onde o conjunto se sobressai ao individual, mesmo com ótimos nomes no elenco, como Paulinho, Guerrero e Emerson. Soma-se a isso a invasão fanática torcida corintiana ao Japão, que vêm demonstrando amor à equipe regada a uma série de atitudes insanas e porque não bossais, como no evento do embarque da equipe para Tóquio.

Numa análise fria, deixando de lado a enfadonha e irritante cobertura bairrista feita TV brasileira, que cobre o Corinthians como se fosse assunto de primeira grandeza para a pátria (coisa nunca feita anteriormente com nenhum dos outros oito times brasileiros que foram ao Mundial), o time paulista é sim favorito ao título. Entretanto não esqueçam dos valores individuais do Chelsea, de maior qualidade que os do Timão.

Tite prepara a equipe do Corinthians para a estreia no mundial. FOTO: esportes.uol.com.br

Em má fase, jogadores do Chelsea preparam-se para tentar a volta por cima no Japão. FOTO: Yoshikazu Tsuno / AFP

Festa dos torcedores no embarque do Corinthians para o Japão. FOTO: Nelson Almeida/AFP

Aboutrika comemora o gol da classificação do Al Ahly para a semi-final. FOTO: Getty Images / Fifa

Jogadores do Monterrey comemoram a classificação para enfrentar o Chelsea. FOTO: Getty Images / Fifa

Espetáculo espanhol, título da Euro e o auge da melhor seleção do mundo

A Espanha completou na tarde deste domingo, dia 1º de julho, um ciclo de 4 anos de dominação do futebol mundial. Quem se lembra que eles caíram na semi-final da Copa das Confederações de 2009? São 4 anos de um futebol envolvente, de constante troca de passes, eficiência na marcação e, principalmente resultados. Talvez essa seja a grande diferença deste time para outras boas gerações que encantaram os espanhóis mas sempre batiam na trave. Pensando bem, não é. A diferença é que este é a melhor seleção de futebol já montada nas últimas duas décadas.

A Fúria entrou em campo para enfrentar a Itália no que seria uma grande decisão entre uma equipe de forte ataque contra outra de esplêndida defesa, com a Itália trazendo uma invencibilidade em confrontos eliminatórios contra os espanhóis que vinha desde 1920. Eram os dois últimos campeões mundiais em campo e uma lista de craques de perder de vista. Mas a Espanha tinha um time, que mais do que qualquer dos nomes individuais, salta aos olhos pelo bom futebol. Parece muita “rasgação de ceda”, mas o futebol que os espanhóis apresentaram na final foi de impressionar. Durante toda a decisão a Espanha não sofreu pressão da Itália em momento nenhum e parecia estar com 20 jogadores em campo, tamanha a facilidade em tocar a bola e em apresentar jogadores livres, em meio a sólida defesa italiana. Os destaques individuais da partida foram Iniesta e Xavi, os dois maestros da equipe, que envolveu a equipe de Balotelli e Pirlo como se jogasse um amistoso qualquer, sendo o sonoro 4×0 muito pouco perto do que poderia ter sido feito.

Desde o início do jogo a Espanha valorizou a posse de bola e não demorou a abrir o placar. Se, aos 9, Fàbregas tentou o primeiro arremate ao gol, pouco depois, aos 14, Iniesta lançou o falso atacante que avançou a linha de fundo e cruzou para David Silva, que abriu o placar.  Para piorar, Chiellini saiu contundido. A Itália passou a atacar, mas teve suas ações ofensivas restritas a bolas alçadas na área e a uma falta mal cobrada por Pirlo (algo raro). A Espanha atacava rápido e com muitos passes, chegando a irritar a torcida ucraniana, que por diversas vezes vaiou a Fúria. Aos 40, Xavi teve tempo de sobra para pensar e achar Jordi Alba entrando como um raio na defesa, para bater na saída de Buffon e ampliar. Já parecia certo que não era dia da Itália.

A coisa parecia pior pelo fato de Casillas parecer invencível na meta espanhola. Desde 2006 sem tomar um gol em mata-matas pela seleção, o goleiro fez bela defesa no chute de Montolivio e garantiu a vantagem da sua seleção até o intervalo. O arqueiro repetiria a dose no começo da segunda etapa, salvando chance clara de Di Natale. As coisas ainda piorariam, quando Tiago Mota, que entrara no intervalo, saiu com uma lesão, deixando a Itália, já com três substituições, com dez jogadores.

Enquanto a Itália se afundava em problemas a Espanha tocava a bola. Chegava até a desperdiçar várias chances por excesso de preciosismo, com uma calma tamanha que chegava a incomodar. Entretanto surtiu efeito. A Itália saiu jogando errado e Xavi lançou Torres, que acabara de entrar e, aos 38,  ele tocou na saída de Buffon para se tornar o primeiro jogador a marcar gols em duas finais de Euro. Quatro minutos depois, em mais uma troca de passes, Fernando Torres ficou livre na área e rolou para seu companheiro de Chelsea Juan Mata, que também tinha entrado a pouco, fechar o caixão italiano. Foi a maior goleada em finais de Euro.

É difícil esperar mais de uma seleção, mas essa em especial mostra que pode sim chegar mais longe. Talvez não agrade a todos e nem consiga jogar tão bem como nessa final novamente, mas sem dúvida já tem seu lugar na história. O melhor é que tudo indica que a Espanha vai continuar fazendo história, quebrando recordes e jogando bonito.

ESPANHA  4X0 ITÁLIA

ESPANHA: Casillas, Arbeloa, Piqué, Sérgio Ramos e Jordi Alba; Busquets, Xabi Alonso e Xavi; Iniesta (Juan Mata), David Silva (Pedro) e Fàbregas (Fernando Torres). TÉCNICO: Vicente Del Bosque

ITÁLIA: Buffon, Abate, Barzagli, Bonucci e Chiellini (Balzaretti); Pirlo, Marchisio, Montolivo (Thiago Motta) e De Rossi; Cassano (Di Natale) e Balotelli. TÉCNICO: Cesare Prandelli

Gols: David Silva, aos 14, e Jordi Alba, aos 40 do 1º tempo; Fernando Torres, aos 38, e Juan Mata, aos 42, do 2º tempo.

Cartões amarelos: Piqué (Espanha); Barzagali (Itália).

Árbitro: Pedro Proença (Portugal). Auxiliares: Bertino Miranda (POR) e Ricardo Santos (POR).

Local: Estádio Olímpico, em Kiev (Ucrânia).